Terno de Moçambique do Capitão Júlio Antônio
Cultura tradicional

Terno de Moçambique do Capitão Júlio Antônio

“O Moçambique foi criado por uma estrela, uma guia que foi Nossa Senhora do Rosário. Hoje 90% dos que homenageiam a ela são negros. Ela é dona do Moçambique e dos congadeiros e a gente encara isso com muito respeito. É a nossa dona”.
Capitão Júlio Antônio.

O Congo é uma importante expressão da cultura tradicional brasileira. Festa popular que tem origem no catolicismo e nas sangrentas histórias de guerra do povo africano. No Brasil, as festas em homenagem a Nossa Senhora do Rosário são comuns, porém cada região mantém o rito de forma particular. Entretanto, a origem dessa devoção vem de uma lenda sobre o aparecimento da imagem de Nossa Senhora à beira da água, sendo, então, cultuada por um negro escravizado.


Segundo as memórias que habitam as narrativas dos congadeiros, a primeira tentativa para a retirada da Santa das águas foi realizada pela guarda do Congo, que, chegando à beira d’água, tocou e dançou para Nossa Senhora, embalada pelo ritmo saltitante, a coreografia ligeira, as cores e os ornamentos. Foi, contudo, a guarda de Moçambique, formada pelos negros mais velhos e pobres, de pés descalços, com seus cantos graves e de posse dos três tambores sagrados, que conseguiu retirar a imagem do local.

Em Perdões, o Terno de Congo é divido em três Ternos menores. Cada um carrega seu próprio conteúdo simbólico e importância religiosa, sendo todos comandados pelo capitão Júlio Antônio.

O Terno de Vilão é o primeiro a cortejar, com suas poderosas caixas, tambores e varas de guatambu. O intuito inicial é espantar com alegria e fé as energias negativas e, para isso, os integrantes se vestem com roupas confeccionadas com tiras de papel multicoloridas.

Feito isso, o ambiente está preparado para a passagem do Terno de Catupé, que traz a serenidade de Santo Antônio do Amparo. Este, por sua vez, abençoa o público presente com orações e cantorias. A festa alcança seu auge com a apresentação do Terno de Moçambique, que firma a limpeza e a benção dada pelos dois outros Ternos.


TERNO DE MOÇAMBIQUE DE PERDÕES

O Terno de Moçambique de Perdões representa a devoção do povo da comunidade a Nossa Senhora do Rosário. As congadas ocorrem nas Festas de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, sempre na primeira semana do mês de setembro. Cada terno tem pelo menos 20 pessoas, entre capitães, tocadores e dançadores. A festa ocorre como a maioria das festas religiosas: festeiros angariam fundos; são escolhidos o rei, a rainha e o imperador; missas, novenas e procissões reúnem os fiéis e o mastro com a bandeira é levantado.

A coroação de reis negros foi incorporada como meio de controle do povo africano, no período escravagista, já que os reis adquiriam a função de liderança dentro da comunidade. Esse ritual possibilitou ao negro reconstruir, simbolicamente, um elo com a sua memória ancestral e com formas de organização social que haviam se perdido. Assim, nasceram os reis de congo.

O Moçambique de Seu Júlio Antônio tem a seguinte formação: um capitão, dois caixeiros, três tocadores de patangome (instrumentos semelhantes a ganzás, que consistem de chumbos dentro de uma estrutura de metal) e sete dançadores, com gungas amarradas na altura do joelho, três gungas em cada perna. No total, são treze pessoas atuando. Durante a função, há uma alternância entre o primeiro e o segundo capitão e mais pessoas podem acompanhar o terno no cumprimento de promessas e em outras situações especiais. Os instrumentos são de fabricação própria e a equipe é formada por famílias que passam a cultura de geração a geração. Há congueiros de 14 a 75 anos.

Durante a procissão do Terno de Moçambique, o alferes vai à frente, empunhando a bandeira de Nossa Senhora com a frase "Santa Maria Mãe de Deus" e o nome do povoado. Com um bastão, o mesmo utilizado desde o início da tradição, um lenço branco e um apito na mão, o Capitão Júlio Antônio vai logo atrás, puxando os companheiros e entoando os cantos do Terno.

O grupo se apresenta com roupas brancas, uma calça e a camiseta característica do Terno. Também utilizam uma boina, que complementa a vestimenta utilizada de maneira geral pelos ternos de Moçambique. Vestido com um terno claro, o Capitão Júlio Antônio utiliza um apito para comandar seus congueiros, que cantam louvações a São Benedito, São Jorge, Santo Antônio e Santa Bárbara, tendo Nossa Senhora do Rosário como padroeira principal. O apito controla a procissão, indicando o início das atividades e as trocas de música.


CAPITÃO JÚLIO ANTÔNIO

Representante da terceira geração do Terno de Moçambique, capitão-mor do Reinado de Nossa Senhora do Rosário de Perdões, em Minas Gerais, embaixador de folia de reis, guia espiritual e mestre da cultura popular, Júlio Antônio Filho é um dos poucos mantenedores vivos da língua da Costa Africana, que mistura português e banto, antigo idioma das senzalas e que hoje está restrito a poucos falantes, em sua maioria idosos.

Reconhecido pela qualidade de seu Moçambique, tradição iniciada na região por seu avô, que, segundo Seu Júlio conta, chegou ao Brasil como escravo e, posteriormente, tornou-se feitor. Seu Júlio é hoje a história viva de uma tradição. É admirado e reverenciado pela qualidade de seu Moçambique.

A história do Congo de Perdões se mistura com a história pessoal do capitão Júlio Antônio. De acordo com Seu Júlio, ao chegar a Minas Gerais com um comboio de escravos, seu avô, Antônio Joaquim de Oliveira, que caminhava próximo a uma senzala em noite de lua cheia, ouviu uma cantoria. Sob uma árvore, dois negros cantavam em dueto. Ao perceberem sua presença, os negros fugiram, não compreendendo que o patrão havia apreciado a cantoria. Numa nova oportunidade, ele conseguiu se aproximar de mansinho e dizer a eles que gostava daquilo e que queria participar. A partir daquele dia, os escravos passaram a dançar na casa de Antônio todos os dias. Nascia aí o Terno de Moçambique de Perdões.

Segundo Seu Júlio, o terno de seu avô fez a primeira festa em um local chamado Custodinho (MG). Lá foi levantado o Santo Cruzeiro e aos domingos o grupo passava o dia dançando e cantando em homenagem a Nossa Senhora do Rosário, padroeira dos escravos. Posteriormente, a festa passou a ser feita em Perdões, localizada ao sul de Minas Gerais.

Com essa atitude, Antônio Joaquim foi muito criticado e pressionado pelos fazendeiros da época. Mesmo assim, não desistiu de propagar uma cultura que mais tarde seria parte fundamental de seu Terno. Depois de comandar o Terno até os 114 anos de idade, o avô de Seu Júlio passou o bastão para o seu filho mais velho, que passou para seus irmãos mais jovens até chegar ao pai de Seu Júlio, o mais novo de nove irmãos.


Nos olhos de Seu Júlio e em suas palavras, vê-se a lembrança da discriminação que seu avô, e mesmo seu pai, sofreram para continuarem os ensaios, instituírem o primeiro Cruzeiro e firmarem, sempre orientados por disciplina, respeito e religiosidade, suas homenagens a Nossa Senhora do Rosário, padroeira nas Festas do Reinado do Rosário. A tradição tem mais de 300 anos e nunca saiu da família de Seu Júlio, capitão há mais de 40.

Em suas histórias, Seu Júlio conta ainda que, nas origens, Nossa Senhora do Rosário aparecia dentro de uma gruta, onde os rezadores e cantadores começaram a fazer adoração, rezas e cantorias religiosas. Um certo dia, porém, chegou aos pés da Santa o Congo chamado Terno de Moçambique, ao qual, segundo reza a crença popular, a Santa acompanhou, seguindo em procissão.

Atualmente, o Moçambique de Perdões apresenta inovações, como o uso de instrumentos, mas ainda mantém o mesmo ritmo desde a sua criação, sendo um dos mais tradicionais do Brasil. A história da Santa tê-lo seguido também colocou-o em alto conceito dentro da tradição.

PERDÕES

Romão Fagundes do Amaral, segundo se sabe, foi um dos desbravadores das terras que atualmente constituem o município de Perdões. Em fins do século XVIII, instalou-se nas margens do rio Grande e fundou um garimpo, núcleo inicial da cidade de Perdões, atual sede do município.

Sabe-se ainda que Rubens Airão foi outro desbravador, que, paralelamente às atividades de Romão Fagundes, desenvolveu a agricultura e a pecuária. O povoado desenvolveu-se, assim, sob a influência desses dois grandes proprietários, senhores de inúmeros escravos e posseiros de grandes áreas de terras. Diz-se que Romão Fagundes do Amaral, que era um fugitivo da justiça, para obter perdão de D.Maria I, ofereceu-lhe um cacho de bananas, todo em ouro maciço, vindo desse fato o tradicional nome de Perdões, que até hoje o município conserva.

O distrito foi criado em 1855, pela Lei provincial nº 714, confirmada pela Lei estadual nº 2, de 1891. Posteriormente, em 1912, Perdões foi elevada à categoria de vila, sendo que pela Lei estadual nº 843, de 1923, tomou foros de cidade. O município é termo judiciário da comarca de Lavras. 

LETRAS DAS MÚSICAS

No tempo da escravidão

No tempo da escravidão, quando o senhor me batia, gritava por nossa senhora, quando a pancada doía / no tempo da escravidão , nego morou no sanzala, quando o senhor me batia, nossa senhora chorava / um dia nego sonhou , nhonhô, sonhou com nossa senhora / ela me dava uma rosa, tira nego de sanzala / hoje nego tá cantando, canta com toda alegria, foi a nossa senhora, que deu nego arrilia

E a jomba de nego é nossa senhora / olelê de nossa senhora /  a nossa senhora que manda chamar / e a jomba de nego é de nossa senhora / pai véio vei de angola / e pai véio tá na terra / e a jomba de nego / é de nossa senhora / vocês fica com deus / de nossa senhora / e com nossa senhora / de nossa senhora.

Vamos rezar um pai nosso

Vamos rezar um pai nosso e ave maria / pra santo antônio de lisboa, que é a nossa guia / foi o que que me trouxe? é meu santo antônio / e com nossa senhora? é meu santo antônio / e quem fica com nóis? é meu santo antônio / e o que me guia? é meu santo antônio / e com nossa senhora? é meu santo antônio / e quem vive comigo? é meu santo antônio / e o que que me trouxe? é meu santo antônio

Vamos rezar um pai nosso e ave maria /  pra são benedito, que é a nossa guia / foi o que que me trouxe? é são benedito / e o que que me leva? é são benedito / e quem fica com nóis? é são Benedito / e com nossa senhora? é são benedito / e o que que me  trouxe? é são benedito / e com nossa senhora? é são benedito / e quem fica com nóis? é são benedito / e com nossa senhora? é são benedito

Vamos rezar um pai nosso e ave Maria / pra nossa senhora, que é a nossa guia / foi o que que me trouxe? é nossa senhora / e cruze de são bento? é nossa senhora / e quem fica com nóis? é nossa senhora / e cruze de são bento? é nossa senhora / oi o que que me leva? é nossa senhora / e quem fica com nóis? é nossa senhora / e o que que me leva? é nossa senhora /  e cruze de são bento? é nossa senhora / e quem fica com nóis? é nossa senhora / oi o que que me leva? é nossa senhora / é nossa senhora senhora / e cruze de são bento? é nossa senhora / ôi me guia caminho? é nossa senhora / e quem fica com nóis? é nossa senhora / e a jomba do nego? é nossa senhora / é de nossa senhora, é de nossa senhora.

Vamos pelejar

Vamos pelejar, chegou tempo, é hora, vamos pelejar / o poço tá cheio, eu tirei com a cuia, a cuia quebrou, eu costurei com agulha / olha baratinha morou no cavaco / quando saiu me picou todo mundo / olha janguelê me já ficou assim de tanto lamber me jacá de quipô / olha tico-tico que pass´o bonito, que pass’o bonzinho , deixou pass’o-preto chocar no seu ninho /  êh irmão, chocou no seu ninho, olha pass´o preto chocou no seu ninho / olha pass´o-preto é que bota o ovo, olha tico-tico que cria filhote / olha tico-tico é que bota o ovo, olha pass´o-preto que cria filhote / igreja do rosário tem uma telha só, olha quando chove não molha ninguém / igreja do rosário tem uma telha só, me quando choveu não molhou ninguém / o carangueijo me tem a língua mole, aqui nesse reino tem a língua mole / êh irmão tem a língua mole, olha carangueijo tem a língua mole / olha curumbamba cantou no capão, onça tá correndo e pensou que é leão

Essa cabocla é cabocla bonita / cabocla, cabocla vai, a saudade fica / cabocla, cabocla, cabocla, vai, a saudade fica

O poço tá cheio, eu tirei com a cuia, a cuia quebrou, costurei com agulha / ôh maria, pegar com deus eu vou / eu mandei lá na angola buscar minha pai, aqui nesse reino meu pai vai chegar / eu chamo meu pai, é pra te levar, aqui nesse reino vem pra te levar

Eu vi santa bárbara sentada na pedra na beira do rio (das águas) lavando fulô / clareou, clareou, clareou, santa bárbara clareou / olha santa bárbara segura trovão aqui nesse reino segura trovão / olelê, aqui nesse reino segura trovão / ei nhonhô, segura trovão, olha santa bárbara segura trovão / coluna de casa aguenta todo peso, aqui nesse reino aguenta todo peso / mandei lá na angola buscar pai cambinda, corpo morreu, mas cabeça tá viva / eu fui na lá na angola, busquei pai cambinda, corpo morreu, mas cabeça tá viva / êh nhonhô, cabeça tá viva, corpo morreu me cabeça tá viva / olha lá na angola já matou matongo, enterrou matongo, braço tá de fora.

Eu sou filho de nego

O saracutinga chamou cai e cai, me vira mundéu me chama caiuê / êh bananeira tem o grano mole, aqui nesse reino tem o grano mole / olha tico-tico subiu no coqueiro, tá perguntando mundo como tá / olha tico-tico subiu no coqueiro, quando desceu me desceu a cavalo / êh levou minha gimba, aqui neste reino curiou com dambi / êh dambiojira cafom de vindero ocaia / oh, dambiojira ocaia cafom de vindero num injó de jequê / quando desceu, desceu a cavalo / eu venho lá da angola passo ni aruanda, conenga agora chegou lá num injó / êh num de jequê me conenga tatá, aqui nesse reino conengou tatá / êh conengou com tatá lá no injò de jequê, aqui nesse num injó de jequê / o timbojira cafom de vindero num injó de tatá, conenga tatá no injó de jequê / eu saio lá do injó de tatá, conenga tatá no injó de jequê / eu saio  lá do bara eu é pequenino, aqui nesse reino do tamanho de agulha / dambiojira cafom de vindeiro ocaia num injó de jequê / eu sou filho de nego, mamãe é criola, eu vem lá dum bara, eu vem de rebolo / eu sou filho de nego, nasceu lá num bara, aqui nesse reino mamãe é criola / num bara cafom de vindeiro ocaia,  aprendeu falar língua no injó de jequê / êh nhonhô, mamãe é criola, aqui nesse reino papai é rebolo / êh nhonhô, mamãe é criola, olha papai, papai é rebolo / papai é rebolo, nasci lá na angola, aqui nesse reino aprendeu falar língua / êh irmão, língua de criolo, aqui nesse reino, é língua de criolo / eu mexeu na gunga, coração doeu, gunga de meu pai, me coração doeu / eu chamei meu pai pra me ajudar, aqui nesse reino pra me ajudar / êh irmão, mundo não vale nada, olha a gente morre, mundo fica aí

Coração doeu, coração doeu, coração doeu, eu mexeu na gunga, coração doeu / coração doeu, coração doeu, gunga de meu pai, gunga de papai, me coração doeu / êh gunga de meu pai, coração doeu, eu mexeu na gunga, gunga de hoje, coração doeu / êh fala sua língua, eu quero aprender, olha papagaio, olha papagaio veio aprender / que me fez chorar, que me fez chorar, que me fez chorar, a jomba de hoje que me fez chorar / êh olha papagaio é que sabe língua, olha periquito, olha periquito nem língua não tem

A cigarra chorou, chorou, chorou, chorou, sentada na beira do mar, chorou, chorou, chorou, a cigarra chorou / perguntei pra cigarra, mas porque que ela chorou, então veio marinheiro e o branquinho da cigarra levou

Eu plantei uma rosa, a minha rosa pegou, então veio um passarinho pegou minha rosa e levou / cheguei em casa chorando, minha mãe me perguntou, chorava por causa da rosa que o passarinho levou.

Chora ingomá

Mandei lá na angola buscar minha pai, buscar minha pai, buscar minha pai, olha lá / eu canto meu ponto, meu pai vai chegar, me chora ingomá / oh jombê, oh jombê, oh jombá, veio aprender me meu pai chegar, oh jombinho, me chora ingomá / êh mamãe, meu pai vai chegar, meu pai vai chegar, meu pai vai chegar, olha lá, eu chamo meu pai pra me ajudar, me chora ingomá / oh jombê, oh jombê, oh jombá, eu chamo meu pai pra me ajudar, oh jombinho, me chora ingomá / êh irmão, o tanque tá cheio, o tanque tá cheio, olha lá, eu quero saber onde amarro canoa, chora ingomá / ôh jombolê, ôh jambolê , ôh jombá, eu quero saber onde eu amarro canoa, ôh jombinho, me chora ingomá / aqui na cidade tanto pato grande, tanto pato grande, tanto pato grande, olha lá que tá me matando é beija-flor, me chora ingomá / ôh jombê, ôh jombê ôh jombá, o que tá me matando é beija-flor, ôh jombinho, me chora ingomá / êh irmão, mundo engana a gente, mundo engana a gente, mundo engana a gente, olha lá, eu mexeu no mundo, mundo, me enganou, me chora ingomá / ôh jombê, ôh jombê, ôh jombá, eu mexeu no mundo, mundo me enganou, ôh jombinho, me chora ingomá / êh irmão, vai deixar saudade, deixar saudade, deixar saudade, olha lá, a jomba de nego vai deixar saudade, chora ingomá / ôh jombê, ôh jombê, ôh jomba de nego vai deixar saudade, ôh jombinho, chora ingomá / êh irmão, coração doeu, coração doeu, olha lá, eu pisei na terra, coração doeu, me chora ingomá.

Encontrei com a senhora

Encontrei com a senhora na beira do rio lavando o paninho do seu bento filho / senhora lavava, são josé estendia, menino chorava do frio que sentia / calai meu menino, calai meu amor, a faca que corta dá golpe sem dor / foste bem nascido, fostes bem criado, filho de uma rosa, de um cavalo encarnado.

Tá caindo fulô

Lá vem são jorge, cavaleiro bão, põe a mão na rédea, para não correr tanto / Lá envém são jorge com a virgem maria, meu senhor são jorge é o nosso guia

Tá caindo fulô, tá caindo fulô, lá no céu, aqui na terra, êh, ta caindo fulô / olha o tôco de nego tá cheio de fulô / o toco de nego sempre deu fulô.

Caboclo beira-mar

É devagarinho, é devagarinho que eu chego lá / é devagarinho, é devagarinho eu vou caminhar / é devagarinho, é devagarinho que eu chego lá /é devagarinho, é devagarinho que eu vou lá chegar / é devagarinho, é devagarinho, vou caminhar / é devagarinho, é devagarinho que eu chego lá

Nossa senhora do rosário, alembra de mim, alembra / eu lá vou embora, pelo amor de deus, alembra de mim, alembra / vamos embora chorando, e peço pra me levar / ô que despedida triste, no caminho eu vou chorar / ô que despedida triste, que eu faço nesse lugar / vocês fica aí com deus, com ele vou caminhar / eu vou embora chorando, por deixar este lugar / eu vou e levo saudade, saudade quero deixar

Sou caboclo beira-mar, e eu nasci foi lá no mar / fui nascido dentro d´agua, criado no meio das pedras, na boca da serpente, deixa o meu ponto chegar / quem me ensinou a nadar foi, foi, marinheiro, foi os peixinhos do mas / o caboclo veio de longe, eh ai, marinheiro, ele vem pra visitar / o marinheiro vai embora, eh ai, marinheiro, depois ele torna voltar / o marinheiro chegou, eh ai, marinheiro, veio aqui visitar.

Agradecimento e despedida

Agradeceu me no ´senhor que paga, aqui nesse reino no´senhor que paga / agradeceu me no´senhor que paga, aqui nesse reino com toda família / agradeceu me com toda família, fica com deus e senhora da gui / êh irmão, no´senhor que paga, aqui nesse reino com nossa senhora / você fica com deus e com nossa senhora, aqui nesse reino nego vai embora / olha despedida é que me faz chorar, aqui nesse reino que me faz chorar / o tempo acabou me eu lá vou chorando / eu vou chorando / adeus, adeus, eu lá vou chorando / você fica com deus e com nossa senhora / você fica com deus e com o povo d´agua / a despedida é que me faz chorar / agradecer me no´senhor que paga / com toda família no´senhor que paga / a nossa senhora é que vai lhe ajudar / aqui nesse reino / eu lá vou chorando / coração de nego / eu lá vou chorando/adeus, adeus / eu lá vou chorando / aqui nesse reino / eu lá vou chorando / a festa acabou / me eu lá vou chorando.

   

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