A origem do grupo Parafusos é datada de 7 de setembro de 1897, na cidade de Lagarto, estado de Sergipe. É o único grupo do gênero no Brasil.
Segundo a história, os negros fugiam dos engenhos e se embrenhavam nas matas, fazendo mocambos. Na calada da noite, saíam para pequenos furtos. Era comum, naquela época, as sinhazinhas deixarem no quaradouro, durante a noite, as peças das suas indumentárias, anáguas ricamente bordadas e cheias de rendas francesas. Deixavam-nas ali porque o sereno ajudava a alvejar o linho belga. Tais anáguas, segundo a moda, tinham nove côvados e formavam uma grande roda.
Os escravos, roubavam as peças e as vestiam em noite de lua cheia, fazendo com que todo o corpo ficasse coberto, após colocar uma sobre a outra, até cobrir o pescoço. Incrementavam com um chapéu em formato de cone. E assim saíam pelas estradas, dando pulos e fazendo assombração. Se embrenhavam pelos canaviais e fugiam para os quilombos.
Após o fim da escravidão, a tradição continuou em Lagarto. Padre José Saraiva Salomão conheceu os brincantes e ajudou na fundação do grupo, nomeando-o de Parafusos, pois o movimento da dança assim o lembrava - rodopiando no sentido anti-horário, torcendo e distorcendo, como um parafuso. O grupo é formado exclusivamente por homens.
O ritmo é marcado pela cadência de tambores e triângulos. Uma belíssima dança, que representa a resistência dos negros escravizados e a liberdade de um povo forte, que mesmo em sofrimento e opressão criou uma tradição de beleza e caráter únicos.
Quem quiser ver o bonito
Saia fora e venha ver
Venha ver os parafusos
A torcer a distorcer...
Viva os parafusos de Lagarto!