Mateus Aleluia
Cultura tradicional

Mateus Aleluia

Nascido em Cachoeira (BA) e único integrante d’Os Tincoãs ainda vivo, Mateus Aleluia e seu parceiro Dadinho passaram cerca de 20 anos morando em Angola e atuando em projetos culturais e educativos. Os Tincoãs são herdeiros da diversidade cultural do Recôncavo Baiano, porção de terra ao redor da Baía de Todos os Santos, que também viu nascer nomes como Dona Edith do Prato, Dona Dalva Damiana, Caetano Veloso, Maria Bethânia e Roberto Mendes.


Foi no Samba de Roda do Recôncavo Baiano e nas músicas sagradas dos terreiros de Candomblé́ de uma das regiões com maior predominância de população negra do Brasil que Os Tincoãs buscaram inspiração e repertório musical, mesclando as tradições da região com boleros, arranjos vocais e sambas-canção. Hoje, o trabalho de Mateus Aleluia combina todas estas influências com a maturidade, precisão e serenidade de uma vida dedicada ao trânsito físico e estético entre Angola e Bahia.

Cantor, compositor, pesquisador, violonista e percussionista, Mateus fez de sua ancestralidade mais do que a reminiscência de uma África perdida no tempo, tornando-a uma presença contemporânea em seu trabalho ainda nos anos 1980, quando se mudou para Angola.


Compositor e letrista sofisticado, canta em um timbre grave. Em sua voz de declamador, conta processos históricos, histórias do cotidiano e o vai e volta de Luanda a Cachoeira. E louva orixás e cores, especialmente a cor cinza. Suas composições já́ foram gravadas nas vozes de Margareth Menezes, Carlinhos Brown, Thalma de Freitas, João Gilberto, entre outros.

Em 2018, lançou o livro Nós, Os Tincoãs, que rememora a história do lendário grupo que se destacou nos anos 1970 e é referência da música popular brasileira.

Uma visão em um pôr-do-sol em Luanda inspirou Mateus Aleluia no segundo disco solo da carreira, Fogueira Doce, lançado em 2017. “É um vermelho que não distorce, um fogo que não queima, só faz aquecer", conta o cantor e compositor, que cria, com suas músicas, uma cosmogonia própria, passeando entre temas da cultura afro-brasileira, do candomblé e da filosofia para, enfim, desaguar no amor.


No XVIII Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros, em 2018, Mateus Aleluia apresentou um pocket show marcando a abertura da segunda etapa do evento, em 21 de julho, que foi no espaço da Aldeia Multiétnica. Ao pôr-do-sol, que tanto o inspira, entoou suas canções e rezos em uma apresentação histórica, na presença de representantes da etnia Fulni-ô (PE), do Sítio Histórico Kalunga, do Terno de Moçambique do Capitão Júlio Antônio (MG) e da Sussa de Natividade (GO), que integraram a programação, voltada à força da cultura indígena e afro-brasileira. 



   

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