Os Kamayurá são uma das quatorze etnias indígenas no Parque Nacional do Xingu, no estado do Mato Grosso. Vivem entre os rios Kuluene e Kiliseu, no Alto do Xingu, município de Canarana, e falam a língua Kamaiurá, que pertence ao tronco lingüístico tupi-guarani. A etnia, conhecida também por Kamayurás, sempre se manteve na mesma região, próxima a "água grande", significado de Ipavu, nome dado à lagoa perto da aldeia.
De acordo com a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), em 2006, existiam 492 indígenas Kamayurás. Esse número representa um significativo crescimento após uma epidemia de sarampo na região em 1954, quando sobreviveram apenas 94 pessoas, contra um número de cerca de 240 indígenas, em 1938. Os Kamaiurá têm a Associação Mavutsinin para desenvolver projetos específicos, como a Escola da Cultura, que tem apoio da Funai, em que homens e mulheres mais velhos ensinam as crianças e jovens a dançar, cantar, fazer artesanato e conhecer as histórias do povo.
Na aldeia dos Kamaiurá, a oca constitui um local de domínio das mulheres e das crianças. Quanto maior o número de moradores na oca, maior a importância do dono e, assim, mais significativo o apoio que ele pode dar ao líder da aldeia. Para se tornar líder, os jovens candidatos são submetidos a uma dura disciplina de práticas de um "bom índio". Durante um longo período há o desafio da reclusão pubertária aos jovens, aplicada também para as mulheres. Os candidatos índios a líder ficam dentro dá oca, sem a luz do sol, até que a fase da puberdade termine.
Outro elemento de destaque da cultura dos Kamaiurá são os rituais. O Kwarup, que significa a festa dos mortos; Jawari, a festa de celebração dos guerreiros, e Moitará, um momento de encontro para trocas de presentes entre as pessoas, - índios e não-índios podem participar. No Jawari, a competição esportiva de arremesso de flechas simboliza a atividade guerreira. A luta corporal Huka-Huka também esta presente nos rituais religiosos. Com ela se celebra a solidariedade entre os povos do Alto-Xingu.
Um elemento singular na cultura dos Kamayurá singularidade é a flauta Jakuí. Tocada por homens, não podem ser vistas e tocadas pelas mulheres. Além disso, caso alguma mulher se atreva a sair da oca enquanto é tocada, ou olhe entre as frestas, a mulher é tomada para o centro da aldeia e estuprada por todos os homens da tribo até chegar ao óbito. Segundo pesquisadores, há relatos de que três mulheres já morreram por desobedecer à regra.
Alimentação e agricultura são bem representadas também com os ingredientes para a elaboração do beiju. O processamento da mandioca para este prato é tarefa feminina. Beiju com peixe assado ou ensopado, apenas com pimenta, puro ou dissolvido em água, é rotina na dieta Kamaiurá. A castanha extraída do pequi também ganha destaque, e é utilizado como alimento cerimonial distribuído no Kwarup. No grupo familiar, o trabalho é cooperativo.
Saiba mais
http://pib.socioambiental.org/pt/povo/kamaiura
http://www.kamayura.org.br/